A face religiosa do terrorismo: pastores articularam caravanas e convocaram ataques em BSB


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Religiosos oraram durante invasão do Congresso no último domingo (8)

“Essas lideranças podem não ter participado dos atos de depredação, mas pavimentaram o caminho, legitimando os acampamentos bolsonaristas há meses e atos dos extremistas. Eles têm propagado um discurso de legitimação da morte e da destruição, que é antibíblico e anticristão”, diz Nilza. “O discurso religioso, descolado de uma formação de base, de conceitos de cidadania, gera o cenário ideal para cenas que a gente viu, com pessoas cantando louvores e orando, como se estivessem ganhando uma guerra.”

A pastora Ana Marita Terra Nova, esposa do apóstolo Renê Terra Nova, que prega para multidões no seu ministério da Visão Celular no Modelo dos 12, publicou no Instagram no sábado, na véspera da invasão: “Dois meses nos quartéis: valeu muito, sim! Agora… É parar e dizer mesmo: intervenção militar!”

Publicação de pastora defendeu atos golpistas em Brasília

A convocação, divulgada na forma de uma imagem na conta com mais de 50 mil seguidores, ainda pede que “quem pode ir para Brasília vá! não podendo, seja a força na sua cidade” e que os apoiadores “não se omitam”.

O casal lidera o Ministério Internacional da Restauração (MIR) e é conhecido por apoiar Bolsonaro de maneira consistente durante as eleições. Após a repercussão negativa da convocação, os líderes religiosos disseram não concordar com “vandalismo e depredação pública”. 

No Whatsapp, um áudio atribuído ao pastor aposentado Manoel Angelo Chagas, da cidade de Rolim Moura, em Rondônia, circulou com uma convocação a Brasília. “O povo tem que partir também lá pro Congresso, invadir e segurar para ninguém entrar. Não entra Xandão, não entra Lula, não entra ninguém. E aí o Exército vai agir”, diz o áudio, no qual o homem se identifica pelo primeiro nome.

“O povo pode prender, amarrar e mandar a polícia levar”, diz o religioso. “Quando o STF ver que é por isso que o povo vai agir e começar a quebrar tudo que tem lá, porque é nosso mesmo, é do povo, aí eles vão entrar”. 

A pastora Nubia Modista, da Igreja Evangélica Apostólica de Itaguaí, no Rio de Janeiro, esteve entre o grupo de invasores que fora até Brasília e publicou vídeos dentro dos prédios públicos. “Tô aqui dentro do congresso. Os policiais querendo deixar entrar… olha isso”, diz a religiosa. Em outro vídeo, ela caminha pelo espaço invadido do Congresso e ironiza a segurança do local: “isso, solta fogos”, diz após ouvir-se um ruído de bombas.

A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito localizou ainda outras lideranças evangélicas que ajudaram a mobilizar atos criminosos no domingo, entre elas o pastor Sandro Rocha, da Igreja Porto de Cristo, de Guaratuba, no Paraná. Ele tem mais de 450 mil seguidores no seu canal no Youtube e “profetizava em suas lives e cultos que o exército e a polícia iriam se juntar ao povo para impedir o comunismo no país, e que para isso era importante que as manifestações continuassem”.

O pastor goiano Thiago Bezerra também esteve nos atos terroristas. Ele fez uma live no Youtube, onde tem mais de cinco mil inscritos, sustentando a falsa narrativa de que as cenas de violência foram protagonizadas por infiltrados da esquerda. Em nota, a Frente também cita entre os participantes dos atentados os cantores gospel Salomão Vieira, Michele Nascimento, Fernanda Oliver e Wesley Rosa os pastores Mari Santos, de Manaus, e Ricardo Martins, porém pondera que “até o momento, evangélicos não se envolveram com os movimentos golpistas com a mesma intensidade com que estiveram presentes na campanha presidencial de 2022”.

O texto da Frente ainda destaca a “postura dúbia” de lideranças evangélicas bolsonaristas no Congresso Nacional, entre elas Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada evangélica. Ele postou que “ver um descondenado, (sic) virar presidente causa revolta”, mas disse não apoiar os atos violentos. O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP ) disse que “ânimos acirrados teriam levado a depredações não legítimas”.

Algumas igrejas lançaram notas condenando os atentados criminosos. A Igreja Universal do Reino de Deus disse que “nada justifica o uso da violência, invasão e destruição do patrimônio público”. A igreja Adventista também emitiu nota pública repudiando “ações coletivas ou individuais que promovam a destruição de patrimônio público e privado, e que coloquem em risco a vida das pessoas”. A Aliança Cristã Evangélica também emitiu uma nota de repúdio na qual “reafirma o compromisso com o Estado Democrático de Direito e suas instituições”.

A reportagem tentou contato com as lideranças evangélicas citadas, mas não obteve retorno até a publicação.





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